03 julho 2025

"Ecomuseu dos Campos de São José transforma cultura em ação socioambiental", por Adelma Vargas

Projeto em São José dos Campos valoriza saberes locais, promove sustentabilidade e une comunidade em torno do território.

Por: Adelma Vargas

Grupo de pessoas em um parque

Descrição gerada automaticamente

Roda de conversa no Ecomuseu. Foto: Adelma Vargas

No Ecomuseu dos Campos de São José, não há paredes nem longos corredores. As obras estão vivas na terra, nos quintais, nas hortas e nas memórias dos moradores. A iniciativa foi idealizada por Ângela Savastano, fundadora do Centro de Estudos da Cultura Popular (CECP) e criadora do Museu do Folclore de São José dos Campos (SP). Com o fechamento do museu em 2000, Ângela buscou novas referências e encontrou no conceito de ecomuseu uma alternativa para manter viva a cultura local. Inspirada na proposta do museólogo Hugues de Varine, de 1971, o Ecomuseu se baseia na ideia de que o patrimônio cultural é vivo, faz parte do território e se transforma junto com as comunidades. 

A historiadora e atual gestora do Ecomuseu, Maria Siqueira Santos explica que “o conceito de ecomuseu é baseado em 3 princípios: comunidade, território e patrimônio. Cada território tem sua história e vive o patrimônio e a memória daquele lugar.” 

O projeto desenvolvido em parceria com a Petrobrás, atua em 28 bairros de São José dos Campos e no município vizinho de Jambeiro, por meio de rodas de conversa, hortas comunitárias, compostagem, feiras, oficinas e atividades de educação ambiental.

Linha do tempo

Descrição gerada automaticamente Ações do Ecomuseu. Fonte: Ecomuseu. Infográfico: Adelma Vargas


Do lixo ao adubo: a compostagem como prática de cidadania


A compostagem, uma das ações do Ecomuseu, é uma resposta prática ao cenário nacional. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mais de 50% do lixo produzido no Brasil é orgânico, mas menos de 2% é compostado. O restante, sem tratamento, termina em aterros sanitários ou lixões a céu aberto, contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa e o agravamento da crise ambiental. No Ecomuseu, já foram compostadas 32 toneladas de resíduos. O que começou com uma greve dos lixeiros na cidade, virou uma “revolução dos baldinhos” como explica Maria Siqueira Santos, “a lida com o lixo orgânico é ancestral e atualmente 114 famílias contribuem para a compostagem.” 

Na sua primeira visita ao projeto, Maria Dolores Fonseca, aposentada e moradora de Caçapava, ficou impressionada com a organização do espaço. “O que mais me surpreendeu foi a maneira como a comunidade se envolve e colabora ativamente com a iniciativa.” 

Cidadania e sustentabilidade em ação. 

O Ecomuseu promove atividades educativas de gestão ambiental com escolas, grupos de escoteiros, rodas de conversa nos bairros, feiras de saberes e fazeres e outras ações de integração cultural. 

Rafael Vieira da Silva, sociólogo e educador ambiental, está na equipe a 3 anos. Ele considera que o impacto mais precioso é a mobilização comunitária, “quando a comunidade se engaja as atividades acontecem, a mobilização comunitária tem muita força.” 

 O Ecomuseu dos Campos de São José mostra que sustentabilidade e cultura caminham juntas. Para a gestora Maria, o grande desafio está em expandir o projeto para outras 2 cidades e no futuro adquirir uma área para horta e compostagem, sem abandonar os espaços públicos. O Ecomuseu que nasceu de um sonho, hoje transforma territórios e contribui para um mundo melhor.


Sobre a autora:

Adelma Vargas, estudante de jornalismo, conheceu o Ecomuseu CSJ através do programa Sobrevida da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba e desde então tem participado das atividades realizadas pelo projeto. 

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