O Museu Interativo de Ciências (MIC), em São José dos Campos, foi palco no dia 26 de setembro da celebração dos 10 anos do Ecomuseu dos Campos de São José, projeto que ao longo da última década dedicou-se à preservação da biodiversidade e à valorização das tradições culturais do Vale do Paraíba.
A programação gratuita aconteceu das 9h às 12h e reuniu cerca de 160 alunos da Fundhas Campos de São José e da Escola Emanuel Kant (EMAK), além de representantes da comunidade e artistas locais.
Oficinas educativas, exposições e dinâmicas de educação ambiental fizeram parte do roteiro preparado para aproximar o público da identidade cultural e natural da região.
Entre as atividades abertas à população, estiveram a produção coletiva de um varal de bandeirinhas de algodão cru, dinâmicas sobre conservação ambiental e o reflorestamento por meio da distribuição de bolas de argila com sementes. Também houve uma mostra de artesanato e saberes populares, com destaque para a produção de violas caipiras, o manejo de abelhas nativas e o artesanato com materiais reciclados.
"Bom dia!
Gratidão a todos os presentes. É uma grande alegria estar aqui representando o Ecomuseu dos Campos de São José, que são todas as pessoas que já participaram e que as ainda participam da construção dessa história! Tanto aqueles que foram importantes no começo e depois seguiram outros caminhos de vida quanto os que chegaram depois e que continuam hoje o percurso iniciado lá atrás. Agradeço o trabalho da equipe técnica e os moradores voluntários aqui presentes. Agradeço minha família. Gratidão àqueles que estiveram conosco até o fim de suas vidas: Vicente, Ivone, Hilda, Ursulla, José Morais, Josefa... Faço também uma homenagem especial para demonstrar minha gratidão à minha grande mestra, Angela Savastano, responsável por estarmos hoje aqui, comemorando este primeiro decênio do Ecomuseu dos Campos de São José.
Angela foi uma mulher visionária, que na década de 1980 iniciou sua trajetória de fomento ao empoderamento social através do folclore, da cultura popular e, mais recentemente, do patrimônio cultural imaterial. D. Angela nos ensinou a lição de que o homem é capaz de consertar o mundo por meio de sua sabedoria. Ela acreditava na humanidade e trabalhou até o fim de sua vida pela emancipação sociocultural do homem. Que possamos manter a chama de Angela acesa por muitos e muitos anos, acreditando na capacidade regenerativa comum a todos os seres.
Articulamos, ao longo desses anos, 167 parceiros diferentes. Instituições do 3º setor, empresas privadas e instituições públicas. Hoje agradeço a presença especial de 2 escolas parceiras: a Fundhas do Campos de São José, que desde 2015 participa conosco dos plantios de árvores, dos mutirões de limpeza e das atividades pelo território, e a Escola Emanuel Kant, a EMAK, parceira mais recente, mas que, desde 2024, está presente conosco nas ações realizadas na Vista Verde. Bem como agradeço ao Museu Interativo de Ciências, o MIC, que tem sido um parceiro constante nas atividades de educação ambiental e patrimonial realizadas pelo Ecomuseu. Nestes 10 anos, foram 265 oficinas, trilhas do patrimônio, cursos e palestras realizadas, impactando quase 12.000 estudantes das redes pública e privada e cidadãos interessados nas temáticas propostas pelo Ecomuseu. Foram 226 mutirões para construção e manejo de hortas comunitárias, 34 feiras de saberes e fazeres e 455 rodas de conversa. Em 10 anos, o Ecomuseu evidenciou a participação de quase 50.000 pessoas em suas atividades. Isso sem contar os números das redes virtuais!
Atualmente, além de toda esta missão socioambiental assumida pelo CECP na execução do Ecomuseu dos Campos de São José, trabalhamos diretamente para a conservação de espécies nativas, como as abelhas sem ferrão e, muito especialmente, o Callithrix aurita, o sagui-da-serra-escuro, endêmico da Mata Atlântica do Sudeste brasileiro, portanto presente naturalmente em São José dos Campos e Jambeiro, animal que corre ainda grave risco de extinção. A perda de habitat, a competição por território e alimentos com outros saguis trazidos para a região pelo ser humano, a hibridação das espécies, o desafio da convivência humano-fauna são todos elementos que precisam ser trabalhados para que esse animal, tão importante para a conservação da biodiversidade, não desapareça da natureza. Para tanto, contamos com a parceria do Centro de Conservação dos Saguis da Serra, da Universidade Federal de Viçosa, coordenado pelo professor Fabiano Melo, que tem feito o mapeamento dos indivíduos no território joseense, captura e esterilização dos híbridos, análises genéticas e atividades de educação ambiental. Ações essas realizadas em diálogo com a Prefeitura Municipal e sob orientação da do ICMBio APA Mananciais Rio Paraíba do Sul, além do apoio da Universidade do Vale do Paraíba, a UNIVAP. Contamos também com a parceria da empresa de gestão ambiental Gestbio, responsável pelo plantio e manutenção de 24.000 árvores do Ecomuseu, cujo objetivo é reflorestar a trilha do Callithrix aurita.
Agradeço imensamente à Prefeitura de São José dos Campos, que sempre esteve conosco, nos apoiando, dialogando e fomentando as atividades do Ecomuseu. Caminhamos juntos para o desenvolvimento de uma São José mais sustentável e inclusiva.
Agradeço ao Centro de Estudos da Cultura Popular, na pessoa de seu diretor presidente, Ricardo Savastano, que não esmorece em sua missão de identificar, difundir e salvaguardar os patrimônios do Vale do Paraíba.
E, por fim, em nome do CECP, agradeço imensamente à Petrobras, que desde o começo apoiou este projeto tão utópico, como disse a primeira pessoa a lidar com o Ecomuseu dentro da Companhia. Naquele início era tão difícil e abstrato explicar e entender o objetivo do projeto. Hoje, este museu de território está crescido, tem uma história e conquistou a confiança de voluntários, amigos e parceiros. Contudo, tem ainda muitas tarefas a cumprir para a missão de ajudar a construir um planeta mais justo e resiliente. Vamos juntos! Que o caminho se faz ao caminhar! Os frutos já estão sendo colhidos, mas temos muito ainda a semear.
Obrigada!"
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