Mostrando postagens com marcador Museologia Social. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Museologia Social. Mostrar todas as postagens

21 dezembro 2015

Encontro sobre Museologia Social

Aproveitando a vinda do professor Mario Chagas à São José dos Campos para conversar com o pessoal do Campos de São José, realizamos também um encontro com pessoas interessadas em debater à respeito de museologia social. O encontro aconteceu no dia 10 de dezembro, às 9 horas, no Museu Municipal de São José dos Campos. 
Mantendo o mesmo tom de conversa da noite anterior, Mario pediu para que as pessoas começassem fazendo algumas perguntas, e sua fala se pautaria, então, em tais perguntas. De maneira geral. os assuntos apontados foram: a) qual a relação entre processo museológico e sociedade?; b) qual a possibilidade de relacionamento da museologia social e o espaço institucional público?; c) como o Ecomuseu Campos de São José se relaciona com um contexto mais amplo na museologia social?
A partir destas perguntas, Mario apresentou as diferenças entre museologia e museologia social. A princípio, apresentou a história dos museus. Como eles surgiram, porque surgiram e qual era o objetivo destes espaços que guardavam objetos importantes para determinados grupos sociais. 
Casas das Musas, as filhas de Mnemosine e Zeus, os museus personificam memória e poder. Há algo que deve ser lembrado amanhã, há algo que se deve guardar, proteger, reservar. Onde há memória, há um jogo de poder. A memória é um campo de luta, de disputa. Onde algo se lembra, algo se esquece. Seleção. Os museus, nesse jogo de poder e produção de memória, ocupam o futuro. Eis uma função e tanto! Lugares de memória, lugares de poder, lugares de produção de esquecimento. E ainda, lugares de resistência. 

E então, por volta da década de 1970, os movimentos sociais começaram a fazer alguns questionamentos em relação à função dos museus. Tratava-se de grupos que não se sentiam representados nas coleções museológicas, que se perguntavam sobre os esquecimentos produzidos por estas coleções. Foi neste momento que começaram a surgir experiências de construção de outras possibilidades de museus. Em Portugal, França, México, Brasil (Museu Magüta e Noph - Ecomuseu de Santa Cruz) e outros lugares do mundo estas experiências tiveram lugar.
Para esta nova museologia, a produção de coleções deixa de ser fundamental. Marca também a crise da museologia em 3ª pessoa, são museus onde o narrador é o protagonista, o detentor da memória. Onde o foco está nas relações entre os seres humanos, os seres humanos e os bens naturais, os seres humanos e os bens culturais. São museus comprometidos com transformação social, com a vida; onde o acervo é um conjunto de problemas vivenciados coletivamente. Onde a convivência e o afeto prevalecem, onde uma comunidade protagoniza a construção de sua memória. São exemplos destes museus comunitários, além dos já citados, o Museu da Maré e o MUF (Museu de Favela). 

A conversa foi boa, aprendemos muito, trocamos muito. As possibilidades neste campo da museologia comunitária são amplas e revigorantes. O encontro marcou um momento de semeadura neste vasto campo do patrimônio cultural. Agora é hora de molhar a terra e esperar a semente germinar. Estamos confiantes nisto!
Obrigados, professor Mario, por aceitar nosso convite e se dispor a vir até aqui conversar conosco! Agradecemos também à Fundação Cultural Cassiano Ricardo e ao Museu do Folclore pelo apoio para a realização deste encontro em São José dos Campos. 

Fotos de Caroline Farnesi Borriello.








19 dezembro 2015

Roda de Conversa com Mario Chagas no Campos de São José

No dia 09 de dezembro tivemos a honra de receber em nosso Ecomuseu o professor Mario Chagas. Ele veio do Rio de Janeiro para dividir conosco sua experiência em museologia social e nos dar ideias e sugestões para a continuidade do trabalho que está sendo realizado desde março de 2015 no bairro Campos de São José.
No período da tarde, fomos até o bairro para apresentá-lo a alguns dos participantes do Projeto, pois estava acontecendo a ExpoFundhas, e levá-lo para conhecer a área de proteção permanente onde está sendo feito o plantio das mudas de árvore nativas em parceria com a Semea. O Vicente nos acompanhou até lá, como ficou registrado nas fotografias que se seguem:






Às 19:30 horas demos início à nossa Roda de Conversa especial. Mario falou sobre a poesia. E sobre a dimensão poética que transpassa uma iniciativa como esta que está ocorrendo no Campos de São José.
Foi um momento de trocas de experiências. Os participantes falaram sobre sua história de vida, sobre sua participação no Projeto, sobre seus anseios e suas dúvidas em relação ao que se espera de um Ecomuseu. 
Mantendo o tom coloquial da conversa, Mario falou sobre a história da museologia e sobre a proposta da museologia social, do museu como um lugar de encontros, de convivência e de afeto. Um museu em movimento, que leva em conta os processos culturais, um museu do ser, das relações. Um museu onde o acervo é um acervo de problemas, é um acervo em transformação, que se insere na vida, no cotidiano das pessoas.
Comentou longamente sobre o papel da memória neste trabalho comunitário, lembrando que a memória não está no passado, mas repousa no presente, no aqui-agora, no momento que vive. Além disto, a memória é dinâmica e está carregada de afetos. 
Ela ocupa o futuro, pois alimenta uma pequena semente com potencial para germinar. 

E este é o nosso sonho! Que esta semente germine e dê bons e saborosos frutos! 

Aproveitamos o espaço para novamente agradecer ao professor Mario pela vinda à São José dos Campos, pela disponibilidade em vir conhecer nosso trabalho e por se afetar por ele. Somos imensamente gratos! Valeu também a participação do pessoal do Campos de São José, especialmente aos que estavam presentes pela primeira vez: Patrick, seu Domingos, Renato e Elisa. Sejam bem vindos!

Para quem não sabe, Mario é museólogo, mestre em Memória Social, doutor em Ciências Sociais e poeta. 

Seguem algumas fotos da conversa. São fotos do Pablo.