18 junho 2020

Horta Comunitária na rua Isabel Nunes - parte 1

O Campos de São José é um bairro grande, populoso e limítrofe entre a zona urbana e a zona rural, ou seja, embora urbanizado, ali pertinho, no tempo e no espaço, tem roça, tem gado e plantações. O Campos de São José, além disto, é habitado por muitas pessoas que vieram da roça ou de cidades pequeninas, onde costumavam cultivar gêneros alimentícios, mas há também quem nunca plantou.
No Campos de São José tem áreas públicas vizinhas de dutos da Transpetro que carregam produtos petrolíferos que vem da base em São Sebastião para a Revap, em São José dos Campos. Essas áreas costumam ficar sem cuidados, pois não são utilizadas. Tornam-se, assim, áreas propícias para o descarte de entulhos de variados tipos, mato alto, esconderijo de animais e outros. Alguns vizinhos, porém, usam um pedaço desse espaço como extensão do quintal de casa e passam a cuidar dele como cuidam de sua casa: limpam, plantam, instalam banquinhos.

Lá no Campos de São José vive um pessoal, ali na rua Isabel Nunes dos Santos Guimarães esquina com a Hanna Youseff Chabchoul e redondezas, que, em 2018, conheceu o Ecomuseu dos Campos de São José e o trabalho que já vinha sendo desenvolvido desde 2015 no bairro.

O Donizetti Bueno foi a primeiro a participar de uma roda de conversa, atividade da programação do Ecomuseu.

Roda de conversa na casa da Lia, no dia 12 de junho de 2018. Donizetti está agachado no centro da fotografia.

Ele foi conhecer o pessoal da Fazendinha e saber do histórico daquela atividade ali. O diálogo foi sendo fortalecido, a equipe do Ecomuseu foi conhecer os demais moradores, a d. Dirce, seu Tião, Fábio, Robson, Dorival, Rosana e sua família. Os contatos foram aumentado, as possibilidades sendo criadas.
A ideia de limpar o entulho e cultivar uma horta comunitária surgiu. Mas como fazer isso num terreno público, sujo, com erosão e terra empobrecida?


Diálogos com a divisão de Educação Ambiental da Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade (SEURBS), Secretaria de Manutenção da Cidade (SMC), Departamento de Relações Comunitárias, Univap, Transpetro, Revap foram frutíferos. Ao longo dos últimos 2 anos o Ecomuseu forneceu apoio material para a construção e manutenção das hortas, comprando ferramentas, materiais, mudas e outros insumos. Colocou em sua programação os Mutirões de limpeza, cuidado, manutenção, plantio.

Tudo isto disparou (e foi disparado por) um sentido de coletividade nos moradores do entorno que passaram a se mobilizar espontaneamente para conseguir outros materiais, como adubo, terra, arame, tela, e passaram a realizar mutirões frequentes e espontâneos, nos finais de semana e feriados, para cultivar os trechos de horta.

A SEURBS apoiou e intermediou a instalação de um ponto de água do terreno, sendo feita a colocação do registro em dezembro de 2019. Entre 2018 e 2019, portanto, a água para o cultivo foi doada pelos moradores.

As ações no território começaram em setembro de 2018, com a limpeza qualificada da área, num dia em que a comunidade, junto com funcionários da prefeitura, retirou tijolos, madeira, tecido, colchões e outros materiais dos terrenos. Em seguida, a prefeitura realizou a limpeza bruta, com máquinas propícias e pessoal qualificado. A partir daí, em 15 de dezembro de 2018, realizou-se o primeiro mutirão de roçada e limpeza da programação do Ecomuseu.






 
















Depois de limpo e roçado, o terreno foi cercado para proteção das mudas contra animais, pois no Campos de São José é comum ter cavalos e vacas pastando por ali, além de gatos e cachorros que poderiam prejudicar os plantios. Com tudo preparado, iniciou-se o cuidado com a terra e o plantio das mudas doadas pelo seu Tião, que já costumava plantar num espaço próximo, porém, uma propriedade particular. Seu Tião e d. Dirce foram responsáveis por esse primeiro cultivo, porém, Robson, Fábio, Dorival, Donizetti, Wesley e outros moradores dali também tiveram sua mão obra empenhada na colocação dos mourões e cerca, além das barreiras de pneus que foram colocadas em pontos estratégicos para impedir a descida abrupta da água de chuva não canalizada que passa por ali. Foram vários mutirões realizados pelos moradores: