Maracujá,
maxixe, couve, margarida, quiabo, castanha do pará, caqui, almeirão, rosa,
tomate, erva cidreira, abacate, mamão, girassol, mandioca, goiaba, banana
nanica, banana prata, hortelã, erva doce, limão galego, limão cravo, abóbora,
arruda, batata doce, acerola, boldo, almeirão caipira, alfavaca, araruta,
pinheiro, paineira, babosa, mil cores, periquito, pitanga, hibisco, piraca,
açucena, pokan, ameixa, tangerina, maricota, figueira, capitão, pingo de ouro,
adália branca e alecrim.
Sem ordem, sem
começo e sem fim. Porque é assim que eles enxergaram aquele terreno perto do
Parque Alambari. São 28 metros de muito cuidado, muita história, muito
pertencer. Criados na roça trouxeram para o Campos de São José muita bagagem. Coleção
de vinis, saudades da colheita, os contos & causos que ouviam nas noites
frias. A primeira vez que fui ali conversávamos na
seguinte dinâmica: cada planta por si mesma, com todas suas mágicas, seus chás,
alimentos que dava, cores e cheiros; a história de como cada uma chegou em suas
mãos; e suas próprias histórias de vida. Conforme me contavam de suas paixões, suas
indignações sobre o mundo, seu amor pelo roçado, me devam conselhos e dicas
sobre cada planta. Era a erva cidreira para assossegar a digestão a noite, pra
ficar calma e não brigar com ninguém. A araruta que veio muito antes da
mandioca e da batata, que come a raiz que é uma beleza!, ou o hibisco que
plantou só para os beija-flores se aprochegarem àquele pedacinho de terra.
Fiquei encantada com tudo aquilo. Em um momento ele ouvi que todo mundo devia
era voltar para a zona rural e cada um cuidar do seu pedaço de terra. São
pessoas que, pelo que vejo, se importam com o “verde” no bairro. Ali as casas
com plantas e quintais não são maioria. Pelo contrário. Além do que, este pedaço de terra, é
o que muitos hoje se esforçam para fazer usando uma técnica de cultivo com uma base
holística de plantação. Tudo misturado, tudo junto,
tudo crescendo, florindo, frutificando. Aquilo particularmente me inspira para
a continuidade do Ecomuseu. Vemos muitas pessoas de diferentes partes do
Brasil. De norte a sul. Paraná, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Piauí. Todas optaram por estar no Campos de São José. Cada uma na sua casa, mas fazem parte de uma mesma terra. O Ecomuseu faz com
que se juntem e se misturem. Cada uma cumprindo sua função de estar, de viver.
Cada uma dando o fruto que pode dar, a flor que pode ser. Enfim, nós só íamos
tirar algumas fotos e, mais uma vez, o Campos de São José nos revela que em
cada esquina tem uma imensidão de valores e vidas para se conhecer. As sementes
já foram plantadas. Cada ser germina em seu tempo. E isso acontece em vários
momentos da vida. Hoje, com muita água e sol, germinamos o Ecomuseu, juntos.
Iniciamos um ciclo. É primavera no Campos de São José.
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