26 outubro 2015

É primavera no Campos de São José

Maracujá, maxixe, couve, margarida, quiabo, castanha do pará, caqui, almeirão, rosa, tomate, erva cidreira, abacate, mamão, girassol, mandioca, goiaba, banana nanica, banana prata, hortelã, erva doce, limão galego, limão cravo, abóbora, arruda, batata doce, acerola, boldo, almeirão caipira, alfavaca, araruta, pinheiro, paineira, babosa, mil cores, periquito, pitanga, hibisco, piraca, açucena, pokan, ameixa, tangerina, maricota, figueira, capitão, pingo de ouro, adália branca e alecrim.

Sem ordem, sem começo e sem fim. Porque é assim que eles enxergaram aquele terreno perto do Parque Alambari. São 28 metros de muito cuidado, muita história, muito pertencer. Criados na roça trouxeram para o Campos de São José muita bagagem. Coleção de vinis, saudades da colheita, os contos & causos que ouviam nas noites frias. A primeira vez que fui ali conversávamos na seguinte dinâmica: cada planta por si mesma, com todas suas mágicas, seus chás, alimentos que dava, cores e cheiros; a história de como cada uma chegou em suas mãos; e suas próprias histórias de vida. Conforme me contavam de suas paixões, suas indignações sobre o mundo, seu amor pelo roçado, me devam conselhos e dicas sobre cada planta. Era a erva cidreira para assossegar a digestão a noite, pra ficar calma e não brigar com ninguém. A araruta que veio muito antes da mandioca e da batata, que come a raiz que é uma beleza!, ou o hibisco que plantou só para os beija-flores se aprochegarem àquele pedacinho de terra. Fiquei encantada com tudo aquilo. Em um momento ele ouvi que todo mundo devia era voltar para a zona rural e cada um cuidar do seu pedaço de terra. São pessoas que, pelo que vejo, se importam com o “verde” no bairro. Ali as casas com plantas e quintais não são maioria. Pelo contrário. Além do que, este pedaço de terra, é o que muitos hoje se esforçam para fazer usando uma técnica de cultivo com uma base holística de plantação. Tudo misturado, tudo junto, tudo crescendo, florindo, frutificando. Aquilo particularmente me inspira para a continuidade do Ecomuseu. Vemos muitas pessoas de diferentes partes do Brasil. De norte a sul. Paraná, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Piauí. Todas optaram por estar no Campos de São José. Cada uma na sua casa, mas fazem parte de uma mesma terra. O Ecomuseu faz com que se juntem e se misturem. Cada uma cumprindo sua função de estar, de viver. Cada uma dando o fruto que pode dar, a flor que pode ser. Enfim, nós só íamos tirar algumas fotos e, mais uma vez, o Campos de São José nos revela que em cada esquina tem uma imensidão de valores e vidas para se conhecer. As sementes já foram plantadas. Cada ser germina em seu tempo. E isso acontece em vários momentos da vida. Hoje, com muita água e sol, germinamos o Ecomuseu, juntos. Iniciamos um ciclo. É primavera no Campos de São José.

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